Endometriose é uma afecção inflamatória provocada por células do endométrio que, em vez de serem expelidas no período menstrual, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal.
O endométrio é um tecido que reveste a parede do útero. Todo mês, os ovários produzem hormônios que estimulam a multiplicação das células que formam este tecido para estarem preparadas para receber um óvulo fertilizado. A função do endométrio é acolher e nutrir o embrião nas primeiras semanas de gestação. Porém, se não houver fecundação, boa parte do endométrio é eliminada durante a menstruação.
Endometriose é uma condição na qual o endométrio cresce em outras regiões do corpo, normalmente na região pélvica, fora do útero, nos ovários, no intestino, no reto, na bexiga e no peritônio, delicada membrana que reveste a pélvis, podendo também crescer em outras partes do corpo.
Estrutura do órgão reprodutor feminino com endometriose
As causas exatas da endometriose ainda não estão bem estabelecidas. Uma das hipóteses é que parte do sangue reflua através das trompas durante a menstruação e se deposite em outros órgãos. Outra hipótese é que a causa seja genética e esteja relacionada com possíveis deficiências do sistema imunológico.
Segundo a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva, cerca de 15% da população feminina entre 15 e 45 anos no Brasil são acometidas. A endometriose é uma doença progressiva. Se não houver tratamento, processos de aderências dos órgãos e infiltração dos focos de endometriose nos órgãos vizinhos pode ocorrer.
Sem o tratamento adequado a doença pode ter consequências irreversíveis, como a tão temida infertilidade. A infertilidade ocorre em 30% a 40% das mulheres e é um resultado comum com a progressão da doença. No entanto, mesmo que a infertilidade apareça não significa que a mulher não possa engravidar. Graças a técnicas avançadas como a Fertilização in Vitro (FIV) mulheres acometidas pela doença podem sim gerar um bebê.
Sintomas e tratamentos
A endometriose pode ser assintomática. Quando os sintomas aparecem, destacam-se:
• Cólica menstrual: a dor pode ser moderada ou mesmo de forte intensidade. Muitas vezes as dores são tão fortes que a mulher não consegue realizar suas atividades cotidianas.
• Dor pélvica crônica: mesmo fora do período menstrual aparecem fortes dores que só passam com o uso de medicamentos.
• Dor lombar: de forte intensidade e aparece durante a menstruação.
• Dor durante as relações sexuais: as dores são mais forte principalmente quando há penetração profunda. A mulher pode ter até mesmo sangramentos.
• Alterações intestinais cíclicas: durante a menstruação a mulher sofre com episódios alternados de diarreia e de constipação, às vezes, sente muita dor para evacuar.
• Alterações urinárias cíclicas: se o endométrio estiver alojado no sistema urinário (bexiga, uretra, ureteres, rins), a mulher pode sofrer com dores ao urinar, pode urinar mais vezes que o normal e até mesmo sangramento ao urinar.
• Sangramento uterino anormal: a mulher pode ter sangramentos pequenos fora do período menstrual.
• Infertilidade: a mulher não consegue engravidar de maneira natural.
• Fadiga: a mulher se sente muito cansada, principalmente durante a menstruação.
Ao aparecerem os sintomas o médico ginecologista deve logo ser consultado para que o tratamento se inicie o mais rápido possível. O diagnóstico pode ser feito por meio de exame clínico. No entanto, o médico pode solicitar alguns exames como ultrassom, ressonância magnética e laparoscopia. Se não tratada, a doença pode evoluir e trazer graves consequências ao organismo feminino.
Endometriose x fertilidade
A endometriose pode causar infertilidade, mas não em todas as pacientes, principalmente se a doença for leve. Em média, 50% das mulheres com endometriose têm infertilidade e 50% dos casos de infertilidade feminina podem ter a endometriose como uma das principais causas. No entanto, mesmo com endometriose, não é impossível para uma mulher engravidar. É preciso tomar ainda mais cuidados e seguir à risca as orientações médicas para que a gravidez seja bem sucedida. Os médicos ainda alertam para que mulheres não posterguem a gestação, pois os problemas gerados pela endometriose tendem a piorar com o tempo.
Após as primeiras semanas, onde em alguns casos é necessário suplementar progesterona para evitar as chances de aborto, a mulher seguirá a gravidez normalmente. Não existe nenhum risco de má formação do feto ou parto prematuro, diretamente relacionado à endometriose.
Em alguns casos, a cirurgia laparoscópica pode ajudar a aumentar a fertilidade. A chance de sucesso depende da gravidade da endometriose. Contudo, caso não seja possível a gravidez, as pacientes devem considerar outros tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.