O processamento seminal tem o objetivo de selecionar artificialmente os melhores espermatozoides para serem utilizados no tratamento de Reprodução Humana, simulando o que acontece naturalmente no trato reprodutor feminino em casos de gestação natural. As técnicas de capacitação e seleção de espermatozoides podem se basear em sua morfologia, motilidade e integridade de DNA e membrana. Após o processamento, a amostra ideal estaria livre de células imaturas, leucócitos e espermatozoides imóveis.
A seguir estão descritas as principais técnicas utilizadas em um laboratório de Reprodução Assistida para capacitação seminal e seleção espermática.
Swim-up
Essa técnica consiste em depositar cuidadosamente o volume aproximado de 1,0mL de sêmen no fundo de um tubo contendo o mesmo volume de meio de cultivo. Esse tubo, então, fica fechado e aquecido numa inclinação de 45º por 60 min, para que os espermatozoides nadem até a superfície do meio de cultivo. Após esse tempo, a amostra recuperada garante espermatozoides com boa motilidade. Por recuperar aproximadamente 20% dos espermatozoides móveis da amostra inicial, o swim-up não é indicado em casos de baixa concentração ou motilidade espermática.
Gradiente descontínuo de densidade
Baseada na diferença de densidade entre os espermatozoides, esse método consiste em depositar certo volume seminal na parte superior de um tubo contendo duas colunas de sílica em densidades diferentes (normalmente 45% e 90%). Esse material é submetido à centrifugação e os espermatozoides maduros e móveis se deslocam para o fundo do tubo, de onde são recuperados para serem utilizados na técnica de fertilização elegida.
IMSI/ Super ICSI
A Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides Morfologicamente Selecionados (IMSI, na sigla em inglês), ou Super ICSI, ou ainda ICSI de alta magnificação, é uma técnica muito semelhante à ICSI (Injeção intracitoplasmática de Espermatozoide). A diferença é que, na IMSI, os espermatozoides são selecionados em um maior aumento microscópico, o que permite melhor seleção baseada na morfologia dos espermatozoides. Vale lembrar que, mesmo com essa tecnologia, não é possível garantir que o espermatozoide selecionado dará origem a um embrião geneticamente normal, uma vez que, além de depender também da carga genética do óvulo, não é possível verificar a carga genética dos gametas, mesmo sob análise microscópica.
PICSI/ MACS
Essas técnicas têm a finalidade de selecionar espermatozoides com DNA íntegro, e por isso são indicadas em casos de alto índice de fragmentação de DNA espermático.
A PICSI (do inglês, Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides Fisiologicamente Selecionados), é utilizada uma placa especial, contendo ácido hialurônicoem pontos específicos, ao qual se ligam os espermatozoides maduros, únicos a expressar em sua membrana receptores para essa substância, que também está presente nas células que envolvem o óvulo. É uma técnica que exibe maior eficácia em selecionar espermatozoides com morfologia normal, baixa taxa de fragmentação do DNA e baixa frequência de aneuploidias cromossômicas.
Já na técnica de MACS (do inglês, Seleção Celular por Ativação Magnética) a amostra seminal é incubada em uma solução contendo microesferas coloidais magnetizadas que se ligam aos espermatozoides que contêm em sua membrana um indicador inicial de apoptose (morte) celular, depois passam por um processamento capaz de reter esses espermatozoides. Assim, essa técnica seleciona aqueles com menor probabilidade de dano em seu DNA.
Microfluídica (placa Zymot®)
Uma das tecnologias mais recentes, a microfluídica tem como princípio a seleção de espermatozoides baseada em sua morfologia motilidade, sem os efeitos negativos da centrifugação. É uma técnica baseada na capacidade dos espermatozoides de nadarem através de microcanais. Também tem se mostrado eficiente em selecionar espermatozoides com DNA íntegro. A placa Zymot é nome comercial do dispositivo mais conhecido, apesar de existirem outros com o mesmo princípio no mercado.